Não é um dia fácil de trabalho, o calor dificulta, tem feito muito calor nos últimos dias, um calor fora do normal, parece cada vez mais quente.
Bandi lembra da mulher em casa, cuidando
de suas filhas, sua mulher alcoólatra, filha de uma beata, ele a odeia, mas permanece
casado com ela, o sexo é ardente, tão ardente quanto a vodka que ela não
consegue parar de tomar. Suas filhas atingindo a idade do cortejo, ele prefere
ignorar isso, e pensar na boceta de sua mulher, estará quente ao chegar em
casa, sempre está. Artur, pai de Bandi, era tão pedreiro quanto o próprio
Bandi, era seu orgulho, desde cedo aprendendo a virar a massa, a mão sempre
calejada, nunca o quis decepcionar, trabalhar em obra faz parte da tradição
familiar, faz parte de sua família, mesmo que ele odeie esse trabalho, ele
respeita mais a tradição que o seu ódio.
Suas filhas devem estar saindo com
rapazes, ele quer matá-los, ninguém encosta em sua filhas, podem comer sua
mulher, mas não suas filhas, mas não seus anjos. As horas parecem não passar, o
calor castiga, o calor o faz alucinar, o gosto salgado do suor entrando na
boca, engolindo areia, ele detesta essa profissão, mas ama seu pai.
Logo o inverno chegará, logo a neve
chegará, os mesmos problemas continuarão, sua mulher continuará alcoólatra,
suas filhas continuarão saindo escondidas, e ele continuará sendo pedreiro, e ele
culpará o inverno, e irá esperar a primavera.
- Jadson Damien
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