segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Velhos Lobos



E como de costume
Religiosamente meu velho vem me acordar
Todo o sábado as oito da matina
Ele não se importa se dormi de mais ou de menos
Apenas abre as cortinas e diz com aquela voz carregada
“Levanta rapaz, já to saindo”.
Engulo saliva, pulo da cama e visto uma camisa qualquer
A cinco minutos dali
Paramos no boteco
Sentamos à mesa de sempre
O velho Barbicha vem nós atender
Trazendo a gelada, e dois copos
E arrastando uma cadeira para junto da mesa.
Não sei se é combinado ou mesmo costume
Mas todos os amigos do velho aparecem
Parecem saber que ele está lá
As conversas são sempre as mesmas
“Lembra de quando...”
Mas cara,
Como isso parece bom
Roer lembranças e sempre acha-las uma novidade
É como ouvir um vinil várias vezes e todas elas brindar com êxtase
Não me canso dessa cena
Sei que quando minha hora chegar
Vou tomar o seu lugar
E do meu lado vai ser o meu neto
Que irá se sentar.
E desde cedo o guri vai observar
Como velhos lobos se reencontram. 

- Renan M. Duarte

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