quarta-feira, 2 de maio de 2012

Amante

Certa vez ela me perguntou:
- Você sente algo por mim?
Calmamente baforei a fumaça
E bati a guimba no cinzeiro
Olhei em seus olhos e disse:
- Sinto desejo.
Alguns minutos se seguiram
De total silencio
Seria insuportável se não fosse a música.
Bob Dylan orquestrava aquele momento
Meu cigarro estava no fim.
Maldita hora para uma garrafa vazia.
Engolia a saliva tentando diminuir o asco da espera
Como se já não soubesse o que viria
Esperava ali calado, adjetivos e palavrões seguidos de tapas e muito choro.
Ouvi o estalar de seus lábios se movendo, e então disse:
- É a primeira vez que um homem é verdadeiro comigo. Por quê?
 Essa foi à deixa para a sinceridade:
- De que iria me valer, lhe prometer um futuro dourado.
- Com doces palavras e sorrisos falsos?
- Talvez ganhasse o prazer que valeria uma noite.
- Mas sou um amante das mulheres
- E não um simples canastrão.
Então das sombras do quarto, ela se aproximou.
Sorrindo e despreocupada
Livre dos sentimentos que acorrentam os amantes aos deveres e obrigações
Dando espaço a ébria e simples alegria dos prazeres.

-

6 comentários: