Era fim de festa. Nada demais acontecera e provavelmente nem iria. A mulher com quem combinei de encontrar não apareceu. Tudo bem, já estava acostumado a levar bolo mesmo. Sabia lidar com a rejeição. Além do mais, ela era demasiadamente bonita. Nossa relação, caso houvesse, não daria certo. Pra
compensar, as mulheres que tentei azarar na festa também me ignoraram. E o pouco de grana que possuía não me permitia enfiar a cara na cachaça e tentar reestabelecer o pouco de dignidade que me restara.
Resumindo, a noite estava numa decepção só!
Quando terminava meu hi-fi (a segunda e última dose que
pude comprar), observei uma menina que de longe não parava de me encarar.
Estranho. Tinha cabelo preto, uma tiara na testa, meio baixinha, e a calça
jeans que usava acentuava ainda mais sua cintura angulosa. Uma beldade
tentadora, e certamente, areia demais pro meu caminhão.
Ela cochichou algo pruma menina do lado - que supus ser
sua amiga - e em seguida caminhou em minha direção. Mas hein?! Reagi alarmado.
Quem era aquela menina? O que poderia querer comigo? Minha nossa, ela estava
perto!
Então...
- Oi - ela disse.
- Oi - respondi, olhando-a atentamente e tentando me
lembrar se eu a conhecia de algum lu...
Mas antes que pudesse chegar a uma conclusão, ela me
agarrou pelo pescoço e subitamente, me beijou.
...
Uau! Fazia tempo que não sentia um beijo tão ardente e
gostoso quanto aquele. Minha mente rodopiou loucamente, e tudo mais pareceu
desimportante. Aquele momento era único em minha vida.
Depois de um tempo, grandiloquente demais para ser
contado, desgrudamos nossos lábios. Pra mim era o paraíso e aquela menina em
meus braços era Deus. Foi então que ela me perguntou:
- E aí, Bruno. Vai embora que horas?
- Hã... Eu não sou o Bruno. Sou o irmão dele, Breno.
- É?! Então... você não tem carro?
- Hã... acho que não.
- Hum.
Sua face esmoreceu. Eu a tinha decepcionado. Sem dizer
mais nada, ela se soltou e voltou pra sua amiga, que também se revelou frustrada.
E tudo voltou como era antes.
- Paulo Fernandes
Coisas simples, cotidiano, tbm adoro escrever sobre isso! Muito bacana, parabéns!
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