segunda-feira, 12 de março de 2012

Controle

Controle-se! Ela diz.
Esbofeteando minha cara
Como um guarda ao vagabundo.
Diferente somente na leveza de sua mão
Mas, sem dúvida nenhuma, com o mesmo vigor e empenho.

Pare mulher! É o que eu digo.
Não posso aceitar tudo isso.
Uma vida calma me assusta
Sossego,
Comodidade,
E a sedutora “boa vida”.

Isso secaria minha alma.
E maldita seja! Quem sabe até
Tiraria minhas palavras
Escreveria sobre o que afinal?
Como amarrar os sapatos e conquistar o “bom dia” dos vizinhos?

Quero a noite solitária,
Preciso do ardor do whisky
E a suavidade dos velhos vinhos
Saudosista da miséria e decadência.
Vejo a beleza onde outros sentem ascos.

Não me ama então? Pergunta ela, e uma lágrima lhe cai à face.
Logo me recomponho,
Guardo as exclamações, com as quais bombardeio todas as inesgotáveis interrogações.
Sedutora é a musa que me tem aos seus pés.

E olhando aquele rosto
Senti-me como um lobo a contemplar a lua
Um velho lobo que sem sua musa
Uivaria
Correria
E rasgaria a carne.
Até o momento em que cairia exausto na terra fria.

- Renan M. Duarte

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