quarta-feira, 26 de junho de 2013

Fora da Matilha: Deserto

Caminhar e não chegar a lugar algum,
Ver os sonhos e esperanças distantes de se realizar,
Sem o Necessário para a sobrevivência
Quem sonhará?

Os dias passam devagar,
É perceptível e quase se pode tocar a solidão,
O mundo finge não ver-te,
Não há em quem confiar.

Estar sozinho não é a falta de alguém ao lado e 
Ter a necessidade extremamente humana de comunicar-se.
Estar sozinho é ter tudo ao seu redor e não alcançar,
É ser invisível e gritar pela própria existência.

Quando em dias de melancolia,
A multidão em seu individualismo,
Pensa não conseguir sair de um deserto.
Mas,se essa multidão abrir os olhos,
Tornar sensível o coração,
Verá que de fato há seres em um deserto eterno.

Seres sem rumo,em extrema aflição,
Que passam fome,que padecem...sozinhos.
Seres carnais,quase sem esperança,
Que possuem as mesmas necessidades,
Se houverem sonhos,estes inferiores mas não há opção.

Se o trajeto é longo,o cansaço é inevitável e 
Sem saber onde e quando chegar o esgotamento virá,
Por que então caminhar incessantemente
Em busca do inalcançável?só restará a desistência. 

Mas há uma água,que refresca,que acalma,
Que fortalece e fornece a capacidade de suportar.
É uma água suave e doce que nos mantém no caminho.
Ela está dentro de um frasco em forma de coração,
Alguns a chamam de esperança,
E quem a tem não desiste,é capaz de sair do deserto
E quando isso ocorre,esse ser torna-se campeão...
E deixa de estar sozinho.

- Ane Rodrigues

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