quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O Beco

Sinto um olhar afiado
cortando a minha espinha.
Fazendo estremecer o corpo todo,
instintivamente olho para trás.
Encarando um beco escuro.

Fito a escuridão por um tempo, quase que eterno.
Nesses poucos minutos, ali congelado,
era como se o beco nascesse das entranhas do próprio diabo.
Alguém estava lá à espreita
me observando sem respirar
um par de olhos amarelos, frios e calculistas.

Um barulho ensurdecedor, o som de metal caindo. 
me fez tropeçar enquanto tentava, em vão, recuar amedrontado.
olhava para a escuridão
sentindo aquelas sombras se arrastarem
do inferno até mim, desejando mais uma vida podre.

O som, medo e o breu. 
Uma tríade apavorante para um culpado.

São duas da manhã, algo quer me matar.
Eu sei.
Fecho os olhos.

Ainda são duas da manhã e nunca mais verei a luz pálida de um bar.
Ou sentirei o roçar de coxas macias em minha virilha.
Abro os olhos.

Tomo o último folego.
Aceito.
Um gato sai correndo das sombras do beco do diabo, e salta por sobre um rato.
E suando frio, no beco escuro desato a gargalhar.

- Renan M. Duarte



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